quinta-feira, 28 de agosto de 2025

delírio farsi

Não é sobre mim
E nada tem sido
Eu tenho me olhado
E não me tenho lido

Falta de espelho
Que a mãe suplante
O olhar é interno
É o viés cortante

Na noite gelada
O silêncio rumina
Respiro de letras
Gemas da mina

Verbo que aqui fica
Curto desabafo
Somente humos 
Semente bafo

Ante a lida chame
Ao meu julgamento
Chama que se inflame
Voe e acalme o dentro

Aves acordando
Vêm descortinar
No teatro um homem
Negro de abadá

Quem eu sou na fila
De comprar o pão?
Canta o zune-zune
Abelha, zangão...

O ferrão do ai
Tapioca aberta
O coco que cai
Quengo que aperta

Chá preto na xícara
Pedra antiga versa
Seixos do Xá 
Da polis persa







quinta-feira, 5 de junho de 2025

sedna

Mergulhei no chão e o dedo saltou
Feito um peixe salta 
Liso das mãos 

Sedna

Estava alih
Naquele pequeno barco
Naquele risco no gelo
No desenho do céu

Nas mãos
 e no espelho frio 
das àguas doloridas 

Sedna

Sereia pássara
Planeta vermelho sangue
Magma
Transnetuniana 

Chegava, como tivesse
evocado
Irresponsavelmente
intuitivamente
Inuitivamente
Como um ato mágico 
sacrifícial

Os olhos puxados de Sedna
Crus, de pássaro 
Me espreitando do gelo
Enquanto curo
Dedos
medos
Enquanto me curvo
Aos corvos
E me vejo
Querendo achar a forma
A coordenada
De servir a Sedna
Na cura do mundo
Atravessando as águas
Em ato nutriz

Levando suprimento 
Aos famintos 


3 camelos

Sonhei com três pequenos camelos em uma caixa
Uma caixa em uma estante
De madeira

Os camelôs pareciam mágicos
De sonho
De criar vida ser ter

Um dos camelos saltava pequeno no centro
 da sala
E seguia dançando e crescendo
Feito um bedoino pra lua

O segundo camelo crescia ao ponto
 que saia da caixa
E já se punha à janela 
numa fuga de arco-íris 

Terceiro não me lembro
Mas prosseguia na caixa
Talvez por sono ou depressão
Talvez por falta de tempo pro sonho
Desenrolar