quarta-feira, 29 de junho de 2011

picadeiro sem foco

Picadeiros


São tantos os moços jovens

Percorro como porca, fuçando...

Circulo. Minha vida, lama amálgama.


São tantos os rostos móveis

Persigo o que me incomoda e pulo

Contanto, há uma gama.


A faca tem os dois gumes

Engulo o sopro e não sobra

Falta o ar em altos cumes.


Encontro o cristo em cardumes

Nada e ri à grande obra

Respirando os vagalumes

E as cobras.


Olho o som, escuto os dentes

Sinto as acesas narinas

E aprendo a respirar presentes

Cavalos e bailarinas.


No espelho o palhaço

cola sobrancelhas

preto faz um traço

e o nariz espera as abelhas


Alerta vermelho!

Tudo por aqui caiu doente

A maca leva um macaco

Treinado em chapa quente


Na platéia, calabolsos

Picadeiro, carne e ossos

Monstros, mancos, e o leão


Brancos que são, novos moços,

Posturas, granas nos bolsos

complexos em pulsação.


Vim encontrar o Sr. Perdão!

Antes que o amor se ponha

como às noites se sonha

em sua forma tamanha


Pelo passo febril desta manhã

Quero a verdade medonha

A máscara sem vergonha

da noite senil e vã.


Quero essa flora hipnótica

Química beleza óptica

Quasimudos simulacros


Os meus sapatos de volta

Meus pés de pau, minhas cordas

Meus cachimbos, meus tabacos


Tranquilo, se estou um caco

Feito o macaco da maca

Feito treinado macaco


Tranquilo, se sou uma foca

Esperando o peixe à boca

A equilibrar bola ôca, ou faca


Tranquilo, se sou um bloco

sob as leis desta comarca


Tranquilo, se sou uma barca

Ou arca nas mãos do louco


Tranquilo, se ouço pouco

você é môco...


Sendo porca, dada aos porcos

Pata, pássara, cloaca

No picadeiro sem foco.


Guiné da Selvaladares

Set.2010. recife-várzea.

Baltazar


Cairo, 1920. Encontrei o presente aos pés da escadaria. Mirra e bálsamo. O grupo de ciganos havia partido a pouco, pensei sentir o cheiro de Limale. E a imaginei estando por ali, perto da oliveira, seus calcanhares preciosos e precisos acendendo a terra com sua dança derviche. Sentei em uma pedra à sombra, fechei os olhos e escutei a brisa... A caravana não deve estar longe, pensei.

.....

pelos persistentes


Lindo ver nascendo os pelos das pernas, dos suvacos. A vida persiste, cresce. Cada vez que nascem são outros. Os mesmos.

Guiné da Selva.