terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Vida real

Pequeno fluxo de ostra, ostra real
Teu toque desinteressado
Missa campal, de salto
Ex que olha esquisito
Vida brega com esmalte nude
Jovens pela praça
Brasileiros de graça
Pedindo canção
Amanhã peço socorro
Amanhã esqueço o pedido
Pastor de ovelhas
Cria de costas pra igreja
Corpo inflamado
Mama inflada inflamada
Mama mole
Mama de uso
Mama real
Vida vestida brega
A natureza chamando
Cabelo de fogo louro
Mate suco de manga
Boy metido a merda
Boy maconheiro
Marido é brega
Companheiro é massa
Pão é massa, mas me inflama
Açúcar da carência
Buceta costurada
Buceta real
Osta de pequeno fluxo
Ostra preciosa
Vida real
Ostra real
Vida-ostra real

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Mar que se quer

Como quem não quer nada
O mar infiltra as construções
Em trêmulas contrações
Sua força

Janaína anuncia que chega
E silencia

Como quem não quer nada

Como quem nada quer
Nada onde está

O mar se aperta feito sardinha
Dentro de ventre se aninha
Na nave mãe

Como quem não quer nada
quer sair sozinho

Beber leite,
Tripular colo,
Aprender os planos
Caminhar solto

Como quem se quer

Rasgo

Rasgando...
Assim chegaram as crias
Uma, meticulosa,
quis que o rasgo fosse exato;
Outro, aberto,
Se sabia rasante.
Pleiteou um rasgo espontâneo.
Ambos me sangraram
Como sóis nas madrugadas
Ou luas novas em fins de tardes.
Sutis nem tanto
Serenos nem tanto,
Mas vindos da graça
das manhãs de Ñanderu.
Verde pedra no brilho do rio,
Neblina leve na areia do mar...
Cortando vento
As crias silveatres se chegam.
O vento nos guia
Em corpo terra
Casa curiosa de carinho
Corte, costura
e rasgo.

quinta-feira, 6 de dezembro de 2018

Corujita

Minha corujita,
No alto, com brancas plumas
Fazendo ninhos nas grandes vigas
Entre as falhas da coberta
Fazendo telhas com os olhos de proteção
Cadê teu sonho no inverno
Teu verão real
Estamos no tempo de teu vôo
E o tempo é nosso linho
Aqui costuramos o veio
Saberes simples
Mãos na penugem
Afago no presente
Minha corujita me afaga
Ela é a melhor carícia
Corujita elétrica
Quando dorme encontra a água
Uma menina terra
Em tempo de corujita
Estala a língua
chão de lua
Bico de alimento
Tento espelhos nos teus olhos que me fogem
Mas no teu respiro encontro a paz, a verdade e a essência
Encontro nos meus olhos
mãe e coruja