quinta-feira, 15 de outubro de 2009

especulando o nome

tenho pesquisado "ALmanaques populares sertanejos"
descobri que são "o juízo do ano".

sei - já faz tempo- que todas as palavras que têm "AL" são árabes...

o estado nordestino de ALagoas é um bom exemplo.

meu nome, minha mãe escolheu no sentido de ser eu uma tupizinha,

e de ananaíra ficou ANAIRA
Fiquei ananariando...

encontrouxe o espelho em ARIANA
- mas não curto purismo ariano...
ARIANO! em suma... Ainda tem esse, armorial, da Paraíba, o Suassuna...

sua suna...

ACABEI DE LER no dicionário da internet que "A palavra árabe Suna significa ‘caminho trilhado’, e logo, suna do profeta significa os caminhos trilhados pelo profeta, ou aquilo que é normalmente conhecido como Tradições do Profeta".

"Os sunitas (سنّة) formam o maior ramo do Islão, ao qual no ano de 2006 pertenciam 84%[1] do total dos muçulmanos. A maioria dos sunitas acredita que o nome deriva da palavra Suna (Sunna), que se refere aos preceitos estabelecidos no século VIII baseados nos ensinamentos de Maomé e dos quatro califas ortodoxos. Alguns afirmam, porém, que o termo deriva de uma palavra que significa "um caminho moderado", referindo-se à ideia de que o sunismo toma uma posição mais neutra do que aquelas que têm sido percebidas como mais extremadas, como é o caso dos xiitas e dos caridjitas".

tanta coisa...



Anaíra Mahin
2009, UFPE, outubro

eD

Ed tem uma rata branca que se chama nêga
ele faz teatro...
é um menino colorido.



guiné da selva
outubro de 2009, UFPE

quando os pinguins viram bodes

os traços transitam
quem pode perceber com olho clínico,
olho de quem desenha
de quem pinta

o espelho é a pele, e os ossos a moldura dura...
o gargarejo: as pernas grossas.

a tatuagem nova é de sangue e interna,

tem a ver com os processos biológicos, hormonais e santos

quando voltei a pensar já era tarde, e o corpo fez por mim o que não tive coragem
ele me disse pra esperar... perguntou se eu sabia esperar - em algum momento perguntou essa besteira, da boca pra dentro
e nunca mais tocou no assunto. ele não teve coragem. disse dane-se em silêncio.



guiné da selva
são paulo, julho de 2009
ossos do ofício

eu queria fazer uma canção
que falasse de minha angústia de não saber tocar violão
mas não consigo
não dá

outro dia escrevi um manifesto
elencando várias coisas que detesto
melhor calar

mas agora na estação
percebi como a moça que sorria era esguia - um mulherão
resolvi fazer uma operação, pra esticar a tíbia e o perônio
quem sabe desse jeito eu arranjo um matrimônio - já estão fazendo isso no Japão,
já tem tecnologia!

nada que eu pensasse evoluia
nada queu fissesse me preenchia

fui ficando triste, ai de mim... era tanta coisa ruim

meu trabalho em que devia ser feliz e lucrar ...
virou uma enxaqueca sem par...
e inda perdi o semestre da faculdade...
pra tudo fui ficando sem vontade...


mas eu queria fazer uma canção...
mas eu queria fazer uma canção...
mas eu queria fazer uma canção...



Guiné da Selva em parceria com Anaíra Mahin
são paulo/sp- julho de 2009

A avó


a avó.

a avó preta guardava numa lata circence seus pequenos prazeres. cigarros linhas tesouras, dinheiros soltos. era o banco do brasil. soltava as notas pretas a neta de afeto que ia feliz na budega de esquina comprar os confeitos e os dindins, os salgadinhos amarelos e as bolachas morenas. escondia os cabelos crespos em lenços azuis cotidianos, frizando os grampos. bilírios bonitos os olhos velhos dela, cegando. tatiava a casa. mas tinha muito orgulho para assumir qualquer cegueira. um dia tropeçou e caiu na rua, rejeitou na hora a ajuda de Maurício, o menino aprendiz que vinha ao lado ouvindo e atento. ela era a forte, a toura. tomava lapadinhas de cachaça ou licor antes do banho, julgando o frio. morreu eu tinha só 4 anos, só pode ter ficado grande na minha cabeça, é a lembrança que existe assim, uma mulher grande, uma avó de seios quentes de cozinhar, de ferver canjica, fria de mexer em água, em bacia, de lavar as caçarolas. lembro das unhas escuras limpas longas, de mulher vaidosa, compridas, largas. Carvão alfazema, um coentro aberto. o cheiro-verde, fumando. o travesseiro do braço dela, ela contava baixinho A festa no céu... apresentava aos meus sonhos o touro azul...

várzea, outubro de 2009.