sexta-feira, 26 de setembro de 2014

sereia ouriço

então saio daqui
agradecida e com as malas buenas
llena de leche dulce
socorrida do real amargo
saio na hora de rever as avenidas
com um coração nos braços
no peito, pulsar de fungados
colo um ser, inteiriço 
sereia ouriço





quinta-feira, 21 de agosto de 2014

parto e filha

parte de porte
forte parte que une
partida
partilhada
compartida
barriga compartimento
sentir que religa
briga, consentimento
ressentimento e instiga
que compartilha
pequena ilha


sexta-feira, 1 de agosto de 2014

escorpião

Oh, quantas flores de Aldebarã queres no jardim
Quantas touras, morenas, louras, queres ferrar

Língua enrolada essa da poética enrroladinha
querendo rolar querendo rolar

Avoa avoa, passarinho
 acha teu ninho no Amapá

Atoa atoa, coitadinho
buscando coito noutro lugar

Mil e uma as estrelas de Aldebarã luzindo
nos teus olhos perdidos
de ilusão constante

Mil e uma noites desperdiçadas 
de fundida espada
Solidão cortante

Começou uma guerra fria
Guerra do fogo acabou

Gerando a luz de Luzia
Não devo tempo nem nó

Fadas queres segurar cintura
arrancar as asas na tortura

Abelhudo, zangão, afim de militar
em todo batalhão,

Em todo angar, afim de pousar

Não te culpo, lobo lupo
mamífero secular

a fim de mamar
a suma volúpia
noiva nova nupcia
de descaminhar

Vento volátil uivante
afim de amante
de cunho galante
de galo cantar

Mira tanta estrela, o escorpião
de constelação

Estuda tanta rota, que já não lhe enxota
o jovem ferrão

A fim de ferrar, a fim de ferrar

terça-feira, 29 de julho de 2014

revolta das fadas

Ciúme e raiva de todas essas falas escritas, mágoa
Das aberrações descritas, monstros de dígitos
A transa, a tara, a panela de pressão
Toda essa literatura interna, escondida,
Cheia de palavra ruidosa pompando a erudição
Pra colher verde, pra colher maduro
Pra se sentir

Estais preenchido? Tua alma, teu umbigo?
O mal duro agora quer se expandir
Como teu peito pretende se abrir pra raiz
Como tua transa ensaia duas na madrugada do virtual

Assim engulo teu gozo como engolindo teus sapos
Guardo teus sapatos como guardas teus segredos
Com vergonha que me descubram te guardando

E fica na falha tua vitória entendida e disponível
E meu drama sem pra quê nessa altura do torneio, da tourada
Beirando poema bélico e pensando na palestina

sexta-feira, 25 de julho de 2014

dicionário de mãe ebulindo

ovo ovo ovo
vale de ovos
vivos ovos
maturando dentro

uivos, calos
meus cavalos
segurá-los
mastigando fenos

leites leites leites
humanos azeites
penas e deleites
gomas e unguentos 

gentes gentes gentes
buliçosas gentes
novas e crescentes
procurando centros


chuvas e serenos
pejos obscenos
porcos lameados

natureza bruta
bolsa rota enxuta
xotas esgarçadas
 
 ...