Olhos
de quê?
Deixa
ver, deixa mirar
Olhos
castanhos de rainha de Sabá
Raio
de rainha, rio esses olhos
Escorregadios...
Deixa olhar,
Deixa
ser lago, deixa espelhar
Chora
e se samba canção
Bombeia
a senhora que há, coração
aí
dentro, a senhora carece
de
prece tua, desnuda
deixa
o que quer que pareça perecer
e
solta esse jeito
e
aceita o defeito
é
o jeito o jeito que é, sujeita
Sua
receita, seu umbigo amigo
E
o transpor oblíquo do artigo
O “o”,
o “a”... Nem liga, a liga é a seiva
Essa
santa, essa sigla? Essa raiva, essa dor?...
Suave
ave, feito flor, feito relva
Deixa
sair essa sereia solta, essa selva
Pronta
a dervir, a amar
De
nadadeira proscrita
Feita,
bonita, do modo que vir.
Vai,
vive esse sexo, esse nexo novo
Sentido
e forro, real, de realeza
Tigresa
no corpo que tens
Tuas
ferramentas, tuas ferrugens, tuas carruagens, teus bens
Trabalha,
meu bem, teu bem bom,
E
aprende a dar, com amor, com ou sem batom
Cuida
de cuidar de ser, sorte...
Que
é esse o tom, e o reino.