segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Corpo e sopro

Corpo
Sem sopro
Arremedo

Carne
Sem pulso
Será sossego?

Do descanso da morte
Se tem medo

Quem sabe
Se vai tarde
Ou cedo

Na vida e na morte
Há quem meta o dedo

E quem desvende seu segredo?

Entra no trem
E deixa um agrado

No mundo da vida
A ida é personagem
Veste a viagem
Essa túnica final

Pro mundo da morte
A gente se despe
De toda auto-imagem
E solta as mãos
Da pele animal

A despedida é Una com a vida

E despe a lida

De qualquer verdade
De qualquer mentira

Do corpo
Casca
Descasca

Que não é pedra
Que não é pau

Mas como se fosse fica
Corpo coisa sólida
O que era
Água viva

Corpo sem sopro
Vira escremento
boneco sem vento

que vence
E fede

Sobe o sopro
Fica o corpo

Tronco oco

A ida leva o sopro

Gás que escapa

E aqui fica a capa

Das venturas, dos desventos

Das ilusôes, dos inventos

Desvenda

Escapa

Corpo fica vendido

Só o tempo compra

Essa última valsa