sábado, 21 de novembro de 2009

Lundu e totó.

tempo ó vovÓ
tempó, vô vÔ
tempóvÓ
temporal

óò

ôvÓvó
ôvOvô

Ôô

viVó de bicó
vivo ave de bico bicó

amuando bezerró
fazendo Lundu e totó

enfezado enfezadó
feito ave, avé
cocando cocó

carococando caca cacá

de duro cocô de cacá.

tempOral.



Anaíra Mahin
Várzea – Recife
Novembro de 2009

a peste


coisa viva.


Ave! O sentimento.


Tu tens tuas razões, eu tenho as minhas
Sei que o sol, nasce sempre, a lua, igual
Cada dia, o sol mesmo, um raio novo
Cada breu, mesma lua, nunca a tal.

Supuseste um modelo perdurante
– Que não migre, não mude, nem sucumba.
Não entendes que a vida é uma sorte,
Que a gente interfere, mas não funda!?!...

Branca hora, e o branco encantamento,
Que cantava em nós dois, se redefine
– Transformou-se, mutante, o sentimento.

No entanto, compreendo, sem tormento.
Se rejeitas, amor, que a dor te ensine!
Cedo encontras na vida um outro invento.


Anaíra Valadares.
Recife, outubro de 2009

terça-feira, 3 de novembro de 2009

TIM MAIA, o filme.

O outro lado na Moeda Filme de curta metragem que retrata a história se "Tim Maia", um barraqueiro que vê grande parte do que construiu na vida se esvair por conta da implementação de uma política pública.O filme se passa no Bairro do Recife Antigo, Recife, PE. Duração: 09:42
disponível no youtube: http://www.youtube.com/watch?v=ZN0oh5rLupU


Abaixo, trecho de entrevista com "Tim Maia", transcrita por Nilvânia Barros, feita por nós.


"Eu não nasci na cidade, mas no município de Rio Formoso... eu andei muito, num tive escola, só tive dois anos de escola. Ai meu paicolocou a gente pra morar nos matos novamente. Ai quando eu vim sairde dentro dos matos eu já estava com 17 anos, e então eu procurei acidade. Passei a morar na cidade de Ipojuca, morei lá uns tempos, edepois vim pra cidade... Cheguei aqui em setenta e um a setenta edois....e tô por aqui, tô por aqui bolando. Nos anos noventa, vim doCais de Santa Rita do Bairro de São José, ai coloquei esse comércioaqui. Aqui eu trabalhei dezesseis anos, agora que já faz um ano que aprefeitura tirou, eu tô voando, como diz a história. Mas de qualquerjeito eu ainda tô por aqui.
Antes da revitalização eu empregava gente, porque eu tinha barraca,antes eu trabalhava com quatro pessoas, agora três foi pra fora e eutô com apenas um, trabalhando dois dias por semana. É o resultado quedeu essa revitalização. Eles avisam logo: tem tantas horas pra sair,pois senão sair nós vamos levar tudo. Mesmo assim eles fazem. Dáaquele tempo pra os indivíduo sair, senão sair eles chega e leva tudo,prende tudo... é assim mesmo. Ninguém resistiu, a gente tentemosresistir, mais não tem fundamento resistir.
Eu agora tô guardando a carroça e as cadeiras lá, em umestacionamento que o colega me deu uma colher de chá, né... até quandoeles quiserem. Porque depois que eles dizerem não guarde mais, eu nãotenho mais onde guardar. Antigamente eu guardava tudo dentro dabarraca... O único que tá aqui sou eu, porque eu não tenho pra ondeficar. Tentei ir em outro canto, mas não deu. Comprei uma posse lá noCais de Santa Rita, mas ai perdi a posse, perdi meu dinheiro, perdifoi tudo. Tive que ficar aqui mesmo. Disseram pra ir pro Cais de SantaRita... Mas como? Chega lá eu não se tem fundamento. Local tem, masnão se tem fundamento pra se ficar ali. Porque os pontos melhoresestão ocupados, e os pontos lá pra trás vai se vender o quê ali? Alinão adianta, vai pra lá, passa o dia todinho lá pra vender doisrefrigerantes. Como é que vai comer do lucro de dois refrigerantes?
De cultural eu não tô vendo nada, vi somente foi um atraso para obairro e não um movimento cultural. Pode ter um movimento culturalquando chega navio de passageiro aí, tá, aí faz movimento pra taxista,movimento para ônibus turista, mas para o povo do bairro, nenhum."

domingo, 1 de novembro de 2009

Povo amado,
compartilho cá um editorialzim de fim, pra começo de história.
com_um beiju.
Querida Lunduz de outubro,

Estabeleço essa comunicação para que se saiba um pouco a escala tonal que esse mês foi conseguindo, desde as ciganas velhas que apareceram e as velhas ciganas que teimam em se eremitar, às dicas 'acadêmicas' do professor Michelotto, que têm sido de suma importância para que as veias abasteçam as canetas imateriais da prosa poética, (nos 5 minutos de escrita de cada dia, que venho tentando feliz). AgradeCida, ainda, ao contato herança afeto que me permitiu mais proximidade com o entendimento holístico dos almanaques, ampliando minha maneira almanáquica de entender o mundo, e a abertura de me entender mais dentro dele, sendo uma mãe menos carente e mais amorosa, pois que há A poesia em todos os lugares, e toda ela é o espelho sincrônico, (é uma guinéz). Já, quanto aos contornos e às posturas celibáticas, pinto as manhãs celestes no emaranhado do trãnsito e em terras estreladas do Centro-Oeste brasileiro. Por fim.. durmo pensando ainda, que até mesmo quando penso nos jacarés filhos de aves - aqueles que comem as mães na adolescência, os jacaré edipianos, imperfeitos, sorumbáticos - penso em como é sempre bom o encontro, e que nunca é 'des' .
10.10.2009