sexta-feira, 28 de setembro de 2012

da série "o impeleitável"

por las ventas
las ventanas
los hermanos
los incestos
por las direciones
agonia y quentura
ásia gastura

o impeleitável no caminho dos olhos
puxados
no centro do soco
na noite da norte
sexto acionado
ri o sempre sério
queima de tudo
coisa de tudo
guarda nó
tá amarrado

terça-feira, 11 de setembro de 2012

hoje, ode à casa


mulheres soltas na rua
o sono do cobrador
a trepidação do acento
a caxangá em reforma
o pedalar do ciclista

no ônibus telefonei
preciso voltar pra casa
uma voz que me deixe segura
corri com flauta transversa
"era ladrão?" perguntou
a polícia que me seguiu
 

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

fuga do tema

Fuga do tema



Fica na tua, na sua
Fico na minha, na praia
Figa na lua, na sorte
Fisgo caminho, na calda
Figo sozinho, na planta
Galho rendido, no tempo
Algo perdido remonta
Conta de acerto, na certa
Carta de aberta, na mesa
Acesa, estrela maestra...

Fogo na forma, no aro do reparo
Pavio curtindo na morte do consorte
Morcego dormindo no luto do esmalte

luz luz luz e vôo
Eletricidade extrema

Fármaco falso na fuga
do tema.

Raínha


Olhos de quê?
Deixa ver, deixa mirar
Olhos castanhos de rainha de Sabá
Raio de rainha, rio esses olhos
Escorregadios... Deixa olhar,
Deixa ser lago, deixa espelhar
Chora e se samba canção
Bombeia a senhora que há, coração
aí dentro, a senhora carece
de prece tua, desnuda
deixa o que quer que pareça perecer
e solta esse jeito
e aceita o defeito
é o jeito o jeito que é, sujeita
Sua receita, seu umbigo amigo
E o transpor oblíquo do artigo
O “o”, o “a”... Nem liga, a liga é a seiva
Essa santa, essa sigla? Essa raiva, essa dor?...
Suave ave, feito flor, feito relva
Deixa sair essa sereia solta, essa selva
Pronta a dervir, a amar
De nadadeira proscrita
Feita, bonita, do modo que vir.

Vai, vive esse sexo, esse nexo novo
Sentido e forro, real, de realeza
Tigresa no corpo que tens
Tuas ferramentas, tuas ferrugens, tuas carruagens, teus bens
Trabalha, meu bem, teu bem bom,
E aprende a dar, com amor, com ou sem batom
Cuida de cuidar de ser, sorte...
Que é esse o tom, e o reino.

vulcano

Filho de mãe solo
Vulcano veio da vulva
Embebido de arsênio 
Ficou Hefaístos das faíscas
E ficou manco
Feito aquele chapeleiro
Maluco de mecúrio
De Lewis Carrol
Ferreiro de pés virados
Feito o curupira
Forjando o passo da forja
Da arte do ferro
Do fogo cigano
Vulcano, Deus humanizado
manco e curvado
Labor indevido
Madrasta eugenia
Que cria e sacode a cria
Do Olimpo fascista 
Um dia a conta chega
Deus-gente se vinga
Vergonha? Culpa...
Revolta choro
íntimo tesouro 
em terra distante...
Na construção do retiro
Dioniso, um Deus vivente
Raio de luz no reduto
Bacante, divino fruto
Deus complexo
Que compreende diverso
vinho e verso 
Divino 
Na festa que Deus confia
Alegria alegoria
Sorte sátira surtia
- cocho, corcunda, marcado...
Por dentro, metal pesado
Um Deus vulcão
Cão de lava
Raio da rocha fundida
forja, ferro, erupção
Vulcano, o Deus Vulcão
Vulgo, Cão
Deus forjador...
Dois Deuses nus
Cão e bode
berro absoluto explode
Pelo catártico néctar
Arteiros tortos
Deus vivo é bicho solto
abortos renascidos
absurdos assumidos
Na transluzencia da Uva
Divinos filhos da Vulva




Maio, 2011

sábado, 1 de setembro de 2012

Pra Gabriela latina-americana no meu peito


morena linda
uma dançarina
no universo a mais
tudo todo instante

morena no futuro
teu presente é teu
drama, fardo
fundado no breu

tua alegria, bem sei
tua verdade de lei
nem sempre alegre
tua verdade é  raiz

assim, morena,
sina assim sofrida
nem combina
na dor agreste

uma passagem poente
prontamente paisagem
no leste da dor
na voz da viagem

morena America
tem signo de singular
complexidade rica

tua grande angular
tem trato no retrato
de todo o encontro

não esqueça disso