segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Raínha


Olhos de quê?
Deixa ver, deixa mirar
Olhos castanhos de rainha de Sabá
Raio de rainha, rio esses olhos
Escorregadios... Deixa olhar,
Deixa ser lago, deixa espelhar
Chora e se samba canção
Bombeia a senhora que há, coração
aí dentro, a senhora carece
de prece tua, desnuda
deixa o que quer que pareça perecer
e solta esse jeito
e aceita o defeito
é o jeito o jeito que é, sujeita
Sua receita, seu umbigo amigo
E o transpor oblíquo do artigo
O “o”, o “a”... Nem liga, a liga é a seiva
Essa santa, essa sigla? Essa raiva, essa dor?...
Suave ave, feito flor, feito relva
Deixa sair essa sereia solta, essa selva
Pronta a dervir, a amar
De nadadeira proscrita
Feita, bonita, do modo que vir.

Vai, vive esse sexo, esse nexo novo
Sentido e forro, real, de realeza
Tigresa no corpo que tens
Tuas ferramentas, tuas ferrugens, tuas carruagens, teus bens
Trabalha, meu bem, teu bem bom,
E aprende a dar, com amor, com ou sem batom
Cuida de cuidar de ser, sorte...
Que é esse o tom, e o reino.

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