sábado, 8 de agosto de 2020

o sonho de uma poeta no mundo pós pandemia


O sonho da poeta
no mundo pós-pandemia

Na navegância do lar
enlevo meu pensamento
ultrapassando o cimento
substancio o cantar
E o futuro, qual será
é a questão do presente
quê plantio é consciente
quê semente vai vingar

Busco conselho lunar
tento no caos esse alento
tudo passa feito vento
isso também passará
É mister profetizar
esse porvir que impera
ouvindo a voz do que era
partindo à um não-lugar

Os olhos soltos tilintam
achando esse imaginar
ato de ver e criar
antever quadros que pintam
e espelhos que reflitam
moroso pestanejar
memórias à velejar
esse aqui que é além
imaginando o que vem
na esperança de chegar

Vejo um futuro ideal
pós a peste, a bonança
podem correr as crianças
não há doença que reste
foi-se pra lá todo o mal
E o hiato abissal
que no passado cabia
parece que não se via
desavessou-se o umbral

Para cada índio morto
nasceram muitos por vez
e pra cada não-índio torto
sumiram-se suas rês
A fauna reentendida
a natureza louvada
nós, bichos, nos entendemos
a Terra é nossa morada
E essa mãe que nos une
refez nossa caminhada

Aquela febre fornalha
que a gente alimentava
com água e álcool, baixamos
menos gazes para os planos
mais externos da esfera
Aprendemos a espera
nossa agonia acalmou
e aquele aquecimento
parece, solucionou

Sabem os povos quilombolas
remanescentes de lá
ainda estão por cá
não conseguiram tirar
da resistência esse povo
quanto a isso também louvo
pois só o bem vou louvar

E todas as lideranças
que foram assassinadas
contam, na pós-pandemia,
voltaram reencarnadas
e que com meses de vida
já se erguem bem animadas

Os que teceram maldades
melhor não citar nenhum
contam que passou um vento
que tinha odor de pum
de um palhaço gigante
que tinha feito jejum
Levou todos pelos ares
sendo o palhaço gigante
o vento também foi grande
foram parar em Antares

Sabe a soja, evoluiu
dizem ‘destrangenicou’
voltou a ser só semente
nas mãos do agricultor
virou somente "crioula"
viçosa, cheia de amor

O gado ficou selvagem
esse causou muito dano
em manadas se juntou 
não quis mais o trato humano
quis ser livre e viver
sem curral, cabresto, ou dono

Messias não teve mais
no mundo pós-pandemia
nem corona, nem coroa
De falsos Reis ou rainhas
o povo não precisou
mais dessas coisas todinhas

Cada qual na consciência
ligades com o total
sabides, conectades
à um presente real
vivem em tons mais anárquicos
em contexto mais igual

O mundo pós-pandemia
é feito São Saruê
dizem que é muito bonito
gostoso da gente ver
tem artistas e poetas
pelas ruas bicicletas
já reportou a TV

E a TV que é aberta,
pública, democratizada
não publicita igrejas
e nem elege furadas
sem concessões concedidas
por troca indiscriminada

Se é verdadeiro esse mundo
que acabo de escrever
só descrevo o que vi
e aos outros faço saber
que todos possam chegar
e esse presente viver

Nada que disse é mentira
não gosto de fake News
Foi a tal notícia falsa
que desgraçou o Brasil
Quanto a isso tome nota
que cá na pós-pandemia
vem primeiro a saúde
depois a economia
na comunhão das fortunas
vivendo o dia a dia

E para finalizar
agradeço às presidentes
pois cá na pós-pandemia
já tem outrxs diferentes
tá tudo muito mudado
cada Nação forte igual
e a nossa nova bandeira
já é plurinacional
cada povo é respeitado
tendo por lema o cuidado
a comunhão é geral
 
Assim vocês se animem
que o futuro é melhor
vão poder sair das casas
do amargoso jiló
da saudade dolorosa
e dar abraço quisó

E o sentimento enlutado
foi luta desde o passado
desde de que principiou
aqui, agora, presente...
semente que prosperou!

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