“É triste sentir saudade
Sem poder dizer de quem”
(Mote de Dedé Monteiro)
Triste demais a saudade
Quando não tem cabimento
Cai logo no fingimento
Pra não cair no alarde
Mas o fogo aquece e arde
E é relativo a alguém...
Vira um mal o querer bem
E a gente se descaminha
Saudade fica sozinha
Sem poder dizer de quem.
Tem muita gente que sabe
Por me ver assim chorando
Que em meu peito demorando
Esse amor ainda cabe
E mesmo que se acabe
Num é da conta de ninguém
Essa saudade de alguém
Jamais direi que definha
Porque a saudade é minha
E eu não vou dizer de quem.
Hoje estou silenciosa
Querendo respirar mais
Mas um suspiro se faz
E teu nome vem na glosa
Poesia amistosa
Soletrada no desdém
De cada gesto, refém
Mistério essa amizade
É triste sentir saudade
Sem poder dizer de quem.
O que não deixa dizer
É o orgulho que mata
Contrário do que retrata
Dizer é orgulho ter
Se não há o que fazer
Se um remédio não tem
O jeito é que fique sem
Na voz da precariedade
Embebida de saudade
Sem poder dizer de quem.
Queria telefonar
Dizer o que estou sentindo
Mas sempre acabo mentindo
Quando invento de falar
Melhor é mesmo calar
Decretar certa mudez
Afirmação ou talvez
Já não tenho mais idade
É triste sentir saudade
Sem poder dizer de quem.
Saudade dor que demora
Distância que nos imprime
Faz parecer que é crime
Querer pra si a melhora
E enquanto não vai simbora
Esse arremedo de bem
Tão presente quanto aquém
Rogamos por piedade
Saudando a sabia saudade
Sem poder dizer de quem
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